Professor e cofundador da Digital Strategy Company e Porto Digital, Sílvio Meira analisou o uso de ferramentas tecnológicas para combater a pandemia e apontou o que pode ser feito pelo setor público

 

A velocidade com que o coronavírus chegou ao Brasil exigiu a tomada de decisões rápidas pelo governo, mas expôs as lacunas de infraestrutura e de informações disponíveis para os gestores públicos. Segundo Sílvio Meira, um dos principais especialistas de meios digitais nos país, a crise da pandemia já deixou algumas lições para o governo e mostrou a clara necessidade de se avançar em quatro pontos – que ele chamou de “leis gerais”. 

“A estratégia para o Brasil estar mais preparado para a próxima crise é incluir todos os cidadãos nos meios digitais”, afirmou Meira, que hoje pela manhã participou do debate virtual “O papel da tecnologia em tempos de crise”, na Semana de Inovação 2020. “É fundamental que o país tenha uma estratégia de informação do Estado, saber quem são os cidadãos, onde encontrá-los rapidamente.”

A “lei” fundamental, segundo Meira, é que a tecnologia jamais pode ser a causa de uma crise de confiança da população. Ele lembrou os problemas enfrentados no último final de semana pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na totalização de votos apurados no primeiro turno das eleições municipais. Também alertou para os riscos de implantação do “open banking” que vai interligar de forma definitiva todo o sistema financeiro. 

“A tecnologia deve ser resiliente, com a infraestrutura garantindo o funcionamento, por exemplo, da internet em momentos críticos”, disse Meira, ao tratar da segunda de suas quatro “leis”. “Em março deste ano, por exemplo, o tráfego da internet subiu 30% porque as pessoas ficaram mais em casa de quarentena no início da pandemia. O fluxo, a demanda, cresceram, e a internet nem piscou e ficou no ar.”

A terceira “lei” de Meira é o empoderamento do cidadão e da sociedade. Eles devem perceber que a tecnologia e os serviços públicos estão funcionando bem. Segundo ele, foi um “sacrifício” para os servidores de órgãos públicos, como a Dataprev e o Serpro, ter de viabilizar programas como o auxílio emergencial. “Não havia uma estratégia do país para enfrentar uma pandemia. O governo precisa ter informações dos cidadãos, isso é cuidar do ciclo de vida da informação.” 

Por último, Sílvio Meira sugeriu que o governo use as tecnologias desenvolvidas na crise da pandemia para o seu trabalho diário na prestação de serviços. Para o professor, é impensável que, a cada crise, o setor público tenha de começar do zero o trabalho de saber quem são os cidadãos, onde moram. “O exemplo que acho ruim é o recadastramento anual dos servidores públicos, porque o governo já deveria ter essa informação atualizada.”  

O presidente da Dataprev, Gustavo Canuto, concordou com as sugestões de Sílvio Meira e citou os avanços do governo em digitalização de serviços. Segundo ele, a primeira fase de mudanças buscou facilitar o acesso das pessoas aos serviços. Já a segunda etapa será automatização dos serviços. “Vamos deixar que os servidores cuidem da análise de informação, e não façam algo que pode ser feito pelo cidadão.”  

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