De acordo com presidente da Associação Nacional das Universidades Pública (Anup), setor privado pode contribuir para reduzir essa disparidade

O Brasil tem um dos piores índices de educação básica do mundo. Isso precisa ser mudado e o setor privado pode contribuir nesse processo. A afirmação é da presidente da Associação Nacional das Universidades Pública (Anup), Elizabeth Guedes, e foi feita na Semana de Inovação 2022, nesta terça (9). 

“O Brasil não mora nessa cidade onde tem táxi, onde tem sinal de internet”, afirmou. “As exceções existem pra provar que a regra é esta: a miséria, a falta de infraestrutura. São professores ensinando alunos de diferentes turmas, de diferentes níveis, na mesma sala de aula”, ressaltou.

Como forma de auxiliar nesse processo de mudança, a presidente da Anup apresentou o que já está sendo realizado no projeto Rede Mondó, iniciativa que leva universitários para desenvolver atividades de extensão e estágio na Ilha de Marajó (Pará). O foco são regiões carentes, onde há iniciação sexual precoce e as crianças vivem em condições precárias. O projeto tem como foco a melhoria da educação na região, por meio da capacitação de professores e da melhoria da infraestrutura das escolas.

“A única conexão possível que nós temos com a sociedade, a única forma que nós temos de melhorar, de progredir, de trazer equidade, de trazer igualdade e inclusão é através da educação. Não tem outra forma, né?”, questionou. Segundo Elizabeth, o grande desafio é fazer a conexão entre dois “Brasis”: um que pode ser sintetizado pela prosperidade da Avenida Paulista com o outro, do subúrbio do país. 

Ela contou que Marajó foi escolhida como destino do projeto porque está na Amazônia e, por isso, consegue apoio não apenas de capital filantrópico, mas de cooperação internacional. A Unesco considera que a Amazônia é o pior lugar para ser criança no mundo. É um lugar de grandes contrastes: o PIB local é quatro vezes menor que o PIB nacional. Contudo, apenas 7% dos habitantes da ilha têm acesso a esgoto. A proporção de médicos por mil habitantes é 0,12 - em Brasília, essa proporção é de 5,75 médicos por habitante. Para completar, a maior parte das crianças de até cinco anos estão subnutridas. 

Resumindo: é o maior arquipélago de águas pluviais do mundo, mas as pessoas não têm acesso a água potável. “Elas moram dentro de uma floresta e morrem de fome. As crianças não aprendem porque tem todo tipo de vermes que vocês podem imaginar”, complementou a presidente da Anup.

No entanto, Beth ressaltou que não adiantava levar a universidade para lá como se apenas isso fosse solucionar os problemas de Marajó. Para que a experiência pudesse de fato gerar resultados transformadores para a comunidade, foi montada uma equipe de voluntários locais, sob coordenação de uma das gestoras do projeto. Esse grupo elaborou um planejamento estratégico e realizou o trabalho em um sistema de condomínios. Todos os professores envolvidos foram treinados para se tornarem gestores, porque “pesquisas nos mostram escolas bem geridas geram alunos muito mais bem preparados para a vida”, explicou Elizabeth Guedes. 

Para as próximas etapas estão previstas outras atividades: o Google vai ceder uma plataforma e o governo brasileiro vai instalar pontos de internet na região. O foco será voltado para que a escola seja reconhecida naquela comunidade como único centro de transformação social, fora da política, fora dos costumes antigos da sociedade tradicional. “É  possível levar sucesso e progresso se a educação se voltar para a sociedade e pro bem comum”, concluiu a palestrante. 

Sobre a Semana de Inovação

A Semana de Inovação tem como objetivo reunir os principais especialistas do setor para promover debates e troca de experiências sobre iniciativas de uso de tecnologias, metodologias e processos para melhorar o serviço público brasileiro. É um evento que tem como realizadores: Escola Nacional de Administração Pública (Enap), Tribunal de Contas da União (TCU), Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e Ministério da Economia. Além da correalização do Ministério da Saúde, do SUS, do Ministério da Educação, da Funasa, do Inep, da Fundação Joaquim Nabuco e da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI).

Em 2022 o evento chega à 8ª edição. Com o tema “Tempo de criar”, a Semana de Inovação 2022 acontece entre 8 e 10 de agosto em formato híbrido, on-line e presencial em Brasília, no Rio de Janeiro e em Recife. Dataprev, Serpro, Adaps, Sebrae, BID, Cateno, 99, Gringo, Microsoft, Nic.Br, CGI.Br e Zoom já são patrocinadores desta jornada! Além do apoio da República, ABDI, Eldorado, Museu de Arte do Rio, Wylinka, IFood, Catálise, Instituto Unibanco, Lab Griô e Porto Digital.

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