Palestrante instigou o público a pensar historicamente sobre como as diferenças são utilizadas na produção de desigualdades

Créditos Ana Paula Fornari Enap 3Ao longo de quase 2 horas de palestra, Rita Von Hunty costurou referências desde Paulo Freire a Shakespeare. Foi de Sigmund Freud à Cida Bento. Trouxe exemplos, propôs exercícios, respondeu perguntas, gerou reflexões tanto quanto risadas. Instigou um auditório lotado a pensar não só sobre gênero, raça, sexualidade, política, história ou educação, mas também sobre linguagem. Sobre as palavras que naturalizamos e com que frequência ou intenção se convencionou que seriam usadas. “Quando alguém chama uma mulher de vaca, não está se referindo a um animal que faz ‘mu’. O mesmo vale para macaco, piranha, baleia, veado. Você não vai achar o real significado disso no dicionário, vai achar na vida”, afirmou.

Em uma das palestras mais esperadas pelo público no primeiro dia da Semana de Inovação, Rita endossou que cultura e linguagem retratam o que um povo considera crime ou não, doença ou não, aceitável ou não. Lembrou que toda palavra só existe porque foi, um dia, inventada por alguém que atribui a ela um significado, qualificando ou excluindo um grupo - o que neste caso, gera invisibilidade e falta de mapeamento de dados, essencial na criação de políticas públicas para a promoção da transformação social. “Você nunca vai ouvir ninguém falando para um matemático parar de fazer fórmula ou um médico parar de fazer diagnóstico. Mas por que, nós da Filosofia, temos que parar de fazer perguntas?”, questionou.

Aplaudida de pé, encerrou dizendo que “diversidade, inclusão e pertencimento não são palavras vazias, desprovidas de sentido, mas representam a trajetória histórica de uma luta de pessoas e seus corpos que devem ser autorizados a viver.”

SOBRE A PALESTRANTE

Drag Queen, arte-educadora, colunista e apresentadora, Rita Von Hunty é a persona drag do ator e professor Guilherme Terreri.

Fotos: Nina Quintana e Ana Paula Fornari Benvegnu / Enap